Opinião do torcedor: Infância, saudades, Campininha das Flores e meu Atlético.
Infância: Saudades, Campininha das Flores e meu Atlético.
Pela volta da nossa casa: Estádio Antônio Accioly.
Saudosismo tem por definição recordar coisas boas do passado. Este sentimento tem sido constante em meu coração nos últimos dias, especialmente porque no último dia oito de junho, nasceu minha princesa Valentina, e espero ansiosamente pelo momento de irmos ao estádio juntos.
Essa espera tem me trazido muitas lembranças do meu tempo de criança, onde na maioria das vezes meu pai me acordava no domingo de manhã para podermos tomar o nosso café e caminharmos até onde considerávamos a nossa segunda casa, o estádio Antônio Accioly, na famosa avenida 24 de Outubro, no bairro mais antigo de Goiânia, a saudosa Campininha das Flores.
Era uma espera ansiosa, pois não via a hora de segurar na mão do meu pai e caminhar nas ruas deste bairro maravilhoso, onde nascemos e cultuamos juntos o amor incondicional pelo nosso glorioso Atlético Clube Goianiense.
Eram manhãs especiais. Encontrávamos com vários amigos no caminho, muitos de infância do meu pai, que também iam a pé para o estádio. Muitos eram os filhos dos amigos de meu pai, que eram meus amigos, e que jogavam comigo na escolinha, nos campinhos de areia que ficavam nos fundos do estádio. Sentia uma alegria muito grande de encontrar nossos amigos, que até hoje perduram na linha do tempo, fazendo de nós a família atleticana.
Éramos realmente fortes e unidos! Torcíamos, celebrávamos juntos os lances, os gols, gritávamos com os juízes e os bandeirinhas, vítimas constantes por estarem próximos, na beira do alambrado. Meus olhos saltitavam de alegria com os fogos de artifícios que brilhavam no céu, meus ouvidos se desorientavam proporcionando momentos emocionantes. Aos gritos de “Solta a fera” e ao balanço das redes adversárias, muitos pulos e abraços faziam de nós mais íntimos, mais família.
E nos intervalos? Uma moeda dada por meu pai me fazia correr de alegria ao encontro do carrinho de picolé, que sempre estava ali, às margens da tela que separava o campo da imensa torcida. Lembranças de um tempo muito mais doce que o picolé, que acalmava o coração em fogo de um menino atleticano.
Uma torcida linda, colorida de preto e vermelho, apaixonada, cheia de bandeiras, faixas nas cabeças, uma bateria barulhenta, e muita alegria. Lembro-me que tinha até uma banda marcial, tocando marchinhas, que embalavam mais de 3 mil vozes que gritavam do começo ao fim do jogo. Somas que faziam daqueles momentos mais que uma partida de futebol, e sim um espetáculo, que faziam de nós mais que uma torcida, mas uma família.
Fui privilegiado, por muitas vezes entrei de mãos dadas com jogadores no campo. O mascote, um personagem inesquecível da minha infância, um Dragão, que me causava euforia e alegrava aquela vibrante torcida. Eram tempos de muita felicidade e existia um sentimento de que fazer parte daquilo tudo era algo muito importante. Não era apenas torcer para um time, mas fazer parte de uma comunidade e de uma história que vinha de gerações passadas. Essas recordações me deixam orgulhoso de fazer parte dessa história. Sinto muitas saudades daquele tempo e me vem uma vontade gigante de continuar proporcionando aqueles sentimentos, que ajudaram a me construir como homem, filho, e agora pai.
A exemplo de meu pai quero que minha filha, quando maior, possa sentir o mesmo que sinto, que a casa do Atlético Clube Goianiense, o estádio Antônio Accioly, é sua segunda casa! Que os espetáculos atleticanos, desde sua idade mais tenra, possam ser tão fabulosos quanto são em minhas lembranças. Já imagino, minha valente atleticana nas arquibancadas, junto aos filhos dos amigos de infância, que ganhei ali, aos pulos e gritos, comendo amendoim e se refrescando com picolés e refrigerantes. Que o grito da minha pequena menina, seja tão forte e fiel quanto o meu!
Vejo a possibilidade de reprodução e continuidade da minha infância, na Campininha das Flores, no Accioly, no meu Dragão. Que o gramado possa ser sua inspiração, que de mãos dadas aos jogadores ela possa ver de perto o fantasioso e meigo dragão, alegrando novamente nossa torcida. Que seu coração pule de emoção em meio aos clarões e trovoadas dos foguetes. Que sua alma comemore e viva cada emoção possível em uma partida do nosso Atlético.
É, porém temos observado, com olhos de muita tristeza, uma situação que nos deixa preocupados. Nossa casa está abandonada e nossos jogos cada dia mais vazios, com poucos torcedores, naquela imensidão que é o estádio Serra Dourada. E nós, torcedores fiéis, vivendo ainda muitas emoções e alegrias, sentimos falta do nosso Accioly e daquele tempo glorioso. Que os dirigentes possam entender a importância da nossa casa, do Atlético Clube Goianiense, para reaproximar nossa torcida, elevando as atrações nos jogos, para que possamos consolidar a história dos filhos e dos filhos de nossos filhos e para que sejamos cada dia maiores e melhores. Pois, para que haja uma família unida é preciso que se tenha um lugar seguro e aconchegante. É fato que sem uma casa nenhuma família tem condições de ser feliz, e o estádio Antônio Accioly, o bairro de Campinas, é a casa da família atleticana e do nosso Dragão.
Schubert Martins
Representante Comercial, Estudante de Administração, Campineiro e torcedor apaixonado pelo Dragão.