“A hora e a vez da torcida do Dragão”

Paulo Winicius Teixeira de Paula

Na semana passada a diretoria do Atlético anunciou que haverá ingressos gratuitos para a torcida atleticana até o fim da Série B. É uma operação para salvar o time da queda livre para Série C.

A diretoria, que no geral nunca teve grandes iniciativas para aproximar o time da torcida, na hora do desespero tenta dividir a responsabilidade da má campanha com o torcedor. Os diretores do Dragão, no tempo das “vacas gordas”, poderiam ter investido em programas de sócio torcedor, ingressos mais baratos, priorização da reforma do estádio do time em seu bairro de origem, o Setor Campinas. Mas não, acreditavam que suas qualidades de bons gestores bastariam para manter um bom time e boas campanhas.

Porém, o torcedor é pura paixão. Não é pela inapetência da diretoria em tempos passados que iremos abandonar o time agora, até porque os diretores passam e o time fica. A torcida do Atlético, para além das piadinhas de vilanovenses e esmeraldinos, tem um histórico de massa. O Dragão teve a maior torcida do Estado por quatro décadas, dos anos 40 aos anos 70. Enquanto isso, o Goiás era conhecido como o time da  torcida dos 33. Depois de uma sequência de jejuns de títulos, concomitante a  boas campanhas dos adversários, foi minguando a torcida rubro-negra. De 1972 a 2006, em 35 anos, o Atlético conquistou apenas três títulos (dois campeonatos goianos e uma série C); mesmo assim, nem o time e nem a torcida acabaram.

A torcida do Atlético é fiel e se supera. Em 2006, o Atlético teve a maior média de público do Campeonato Goiano; em 2008, teve um público de mais de 13 mil torcedores em um jogo que não valia nada contra o Cam¬pinense (PB) pela Série C; em 2010, teve média de público igual à do Goiás na Série A; em 2011, dividiu o Serra Dourada com grandes torcidas de Flamengo, São Paulo e Palmeiras. O fato é que, com todos os problemas — a maioria da torcida ser bairrista e gostar de ir em jogos no bairro de Campinas, temer a violência e por isso costumar não ir nos clássicos contra Vila Nova e Goiás e ser já envelhecida —, o torcedor do Dragão não abandona seu time e sabe fazer bonito na arquibancada. Mesmo tendo um grande número de torcedores mais velhos, segundo pesquisa da Pluri Consultoria de 2012, a torcida que mais cresce no Estado é a do Atlético Goianiense. Ou seja, vem ai uma nova geração de atleticanos, formada com muitos títulos, acessos, belas campanhas e presença em sete finais de campeonatos goianos nos últimos oito anos.

 Chegou a hora de o torcedor mobilizar a família, de Campinas e região comparecerem em massa no Serra Dourada, de os comerciantes da região disponibilizarem transporte gratuito para os torcedores saírem da porta do Estádio An¬tônio Accioly, de cada um encher seu carro com amigos e simpatizantes. O Dragão que tem a mania de renascer das cinzas e superar prognósticos negativos tem tudo para sair dessa situação com a ajuda da tradicional torcida atleticana, a mais fiel e surpreendente.

Paulo Winicius Teixeira de Paula é Historiador e Mestrando em História pela UFG.
E-mail: paulowinicius@gmail.com

Andre Isac

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