Um poema para alguém
E AGORA, “SENHOR”?
Escrito pela porta Lêda Selma, publicada no Jornal Diário da Manhã em 4/12/2011.
E agora, VERDÃO?
O campeonato acabou,
a luz apagou,
a torcida sumiu,
a esperança esfriou,
e agora, VERDÃO?
E agora, Você?
Você que tem nome,
que zomba dos outros,
você que faz gestos,
que vinga, persegue,
e agora, “Senhor”?!
Está sem discurso,
está sem caminho,
já não pode gritar,
tripudiar já não pode,
o engodo pifou,
a Série A não veio,
o sonho não veio,
o riso não veio,
não veio a coragem,
tudo secou,
a dignidade mofou,
tempo esgotado,
entende, “Senhor”?
E agora, “Senhor”?
Sua rude palavra,
seus instantes de fúria,
sua tirania e arrogância,
sua megalomania,
sua sanha por louros,
seu trono de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, sua gana,
pois é, convenhamos,
a verdade matou.
“Senhor”, e agora?
Com a chave na mão
quis trancar a porta,
mas o esmeraldino
fez nascer o grito,
no secar do sonho
do alviverde aflito,
que sofreu demais
lá na Segundona.
E agora, “Senhor”?!
Se você parasse,
se você deixasse
o VERDÃO em paz,
se você cansasse
dessa obsessão
que sufoca e atrasa
o pobre Goiás,
mas você não cansa,
quer seguir seu tino,
você é duro, “Senhor”!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem o discurso tolo
para se escorar,
sem a mentira nua
para se safar,
só vassalos tontos
ficam ao seu lado
com o AMÉM na língua
para o louvar.
E o VERDÃO da Serra,
relegado às traças,
por sua obra e graça,
que vá se danar!
E agora, “Senhor”?
Que fuja a galope,
“Senhor” dos punhais,
este tempo triste,
marcado por nódoas,
e não se constranja
de o fazer também,
para que o VERDÃO
possa se salvar.
É agora, “Senhor”!
Cada um, Drummond, tem o seu “José”.